Ao longo de muitos séculos de história, foram várias as tribos que por aqui passaram. Descubra os povos que deram origem aos portugueses e como aqui chegaram.
Os livros de História, quando mencionam os antepassados dos portugueses, fazem referência sobretudo aos Lusitanos, à presença Romana e aos Mouros. No entanto, os povos que deram origem aos portugueses estão longe de ser apenas esses. Ainda antes dos Lusitanos, muitos povos habitaram o território que hoje corresponde a Portugal.
Alguns desses povos não deixaram vestígios e tudo o que sabemos sobre eles provem da leitura das crónicas históricas dos gregos e dos romanos. É o caso, por exemplo, dos Estrimníos, dos Sefes ou dos Cempsos, cuja história apenas pode ser conhecida através das crónicas do escritor latino Avieno, no século IV.
Note-se ainda que muitos povos são catalogados como pertencendo a tribos celtas falar de todos eles é uma tarefa complicada. Exemplo disso são os Tamagani, na zona de Chaves ou os Gróvios, na zona do Minho. E há ainda algumas surpresas, como os escravos negros que foram usados para povoar a zona do Sado ou os Franceses que vieram povoar algumas partes do Alentejo no século XII. Descubra os povos antepassados dos portugueses, que deram origem à nação que somos hoje.
Os Estrímnios foram praticamente exterminados pelos Sefes, tendo sobrevivido apenas alguns povoados dispersos pelo território que antigamente dominavam.
Fundaram uma cidade localizada na atual Evoramonte, Dipo, que sobreviveu até à época romana. Avançaram até às margens do Mondego, fundando Beuipo (Alcácer do Sal), Olisipo (Lisboa) e Colipo (Leiria).
Uma das poucas certezas que se tem sobre os Draganos é que eles foram os responsáveis pela “cultura dos berrões”, que se caracteriza por estátuas de animais como javalis, lobos e ursos que ainda hoje podem ser encontradas em alguns locais de Trás-os-Montes e das Beiras.
Mais tarde, deram origem a um novo grupo, os chamados Túrdulos Velhos, que migraram para norte e se estabeleceram na zona que hoje corresponde à Beira Litoral. Juntamente com os Lusitanos e com os Galaicos, os Túrdulos Velhos lideraram a resistência às invasões romanas.
Exploravam minas de prata e cobre, faziam comércio com os povos vizinhos, produziam cerâmica de qualidade e tinham rituais funerários próprios (os seus mortos eram incinerados em vez de enterrados).
A sua figura mais notável e conhecida foi Viriato, um dos líderes do combate aos romanos, que apenas foi derrotado quando foi assassinado à traição. As suas fronteiras não coincidiam com o atual território nacional, mas são uma das bases etnológicas dos portugueses do centro e sul, assim como dos habitantes da Estremadura espanhola.
Traziam produtos como tecidos, vidros, porcelanas e armas para fazerem as suas trocas comerciais. Fundaram as Feitorias (postos comerciais) no litoral, criaram o primeiro alfabeto e usaram o papiro para escreverem. Infelizmente, restam-nos poucos vestígios deste povo.
Como vestígios da sua presença, deixaram a ânfora, vasos e moedas, assim como a noção de moeda, que começou a ser cunhada localmente. No entanto, esta prática apenas se tornou corrente nos restantes territórios da Península Ibérica em anos posteriores, sob a influência de Cartago.
Para além de comerciantes, eram também grandes exploradores, com muitos historiadores a acreditarem que chegaram à Serra Leoa e ao Golfo da Guiné, embora não seja provável que tenham estabelecido rotas permanentes de comércio. Não se crê que tenham feito trocas comerciais para além de Marrocos.
Seja como for, estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos autónomas numa espécie de federação. Resistiam bravamente aos invasores romanos até cerca de 133 a.C. Deste povo desenvolveram-se os Lusitanos.
Segundo o historiador Dan Stanislawski, o Norte de Portugal tem ainda fortes influências suevas, com a prevalência de pequenos terrenos rurais, o arado quadrado, o espigueiro e nomes como Freamunde ou Guilhofrei, que evocam origens germânicas.
A pouca arte visigótica que podemos admirar em Portugal está na ourivesaria e arquitetura, como a Capela de S. Frutuoso de Montélios, a Igreja de S. Pedro de Balsemão e a Igreja de S. Gião da Nazaré. Deixaram um importante legado jurídico.
Estabeleceram-se na zona que correspondeu no passado ao território dos lusitanos, a Lusitânia, com capital em Pax Julia, a atual cidade de Beja. No entanto, não estiveram por cá muito tempo: foram derrotados em batalha pelos Visigodos e expulsos para o norte de África juntamente com os Vândalos.
O seu destino foi em tudo semelhante ao dos Alanos: derrotados pelos Visigodos, fugiram para o Norte de África através do estreito de Gibraltar e aí fundaram um novo reino, que também viria a durar pouco tempo.
Tomar e Coimbra são algumas das cidades com traços da arquitetura judaica do passado (como fontes). Na gastronomia, deixaram a sua marca na famosa alheira de Mirandela (Trás-os-Montes).
Inventaram o tanque, a nora e os canais de rega, e trouxeram a oliveira, o limoeiro, a laranjeira, a abóbora, a cenoura, o arroz e a figueira. Na gastronomia, deixaram-nos o arroz doce, a aletria e o açúcar, entre outros. Hoje, quase todas as palavras portuguesas começadas por al- têm origem muçulmana.
A verdade é que, no século XVI, muitos portugueses embarcavam nas naus, o que agravava o défice demográfico existente. Por esta razão, os proprietários das férteis terras do Sado terão resolvido povoá-las com negros comprados no mercado de escravos.
O primeiro grupo que chegou a Portugal, em meados do século XV, terá causado alguma estranheza, pela sua língua estranha, por se vestirem de forma considerada exótica e por terem hábitos e culturas diferentes.
Estes colonos instalaram-se e ergueram habitações, fundando aglomerados populacionais a que deram o nome de origem das suas terras. Assim surgiram terras como Nisa, a “nova Nice”.
Fonte: VortexMag