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sábado, 1 de abril de 2023

OS POVOS QUE DERAM ORIGEM AOS PORTUGUESES


Ao longo de muitos séculos de história, foram várias as tribos que por aqui passaram. Descubra os povos que deram origem aos portugueses e como aqui chegaram.
Os livros de História, quando mencionam os antepassados dos portugueses, fazem referência sobretudo aos Lusitanos, à presença Romana e aos Mouros. No entanto, os povos que deram origem aos portugueses estão longe de ser apenas esses. Ainda antes dos Lusitanos, muitos povos habitaram o território que hoje corresponde a Portugal.
Alguns desses povos não deixaram vestígios e tudo o que sabemos sobre eles provem da leitura das crónicas históricas dos gregos e dos romanos. É o caso, por exemplo, dos Estrimníos, dos Sefes ou dos Cempsos, cuja história apenas pode ser conhecida através das crónicas do escritor latino Avieno, no século IV.
Note-se ainda que muitos povos são catalogados como pertencendo a tribos celtas falar de todos eles é uma tarefa complicada. Exemplo disso são os Tamagani, na zona de Chaves ou os Gróvios, na zona do Minho. E há ainda algumas surpresas, como os escravos negros que foram usados para povoar a zona do Sado ou os Franceses que vieram povoar algumas partes do Alentejo no século XII. Descubra os povos antepassados dos portugueses, que deram origem à nação que somos hoje.

Estrímnios


São dados como o primeiro povo nativo conhecido do território português, estendendo o seu domínio da Galiza ao Algarve. Dormiam no chão, alimentavam-se de carne de bode e pão feito de farinha de bolota e praticavam sacrifícios humanos.
Os Estrímnios foram praticamente exterminados pelos Sefes, tendo sobrevivido apenas alguns povoados dispersos pelo território que antigamente dominavam.

Sefes (ou Ofis)


A sua passagem enquanto força invasora está arqueologicamente bem documentada nas planícies alentejanas, pelo desaparecimento súbito de povoados na Serra de Huelva e nas margens do Guadiana e pela alteração do modelo de povoamento do Alentejo Central, com as povoações a procurarem locais mais altos para viver.
Fundaram uma cidade localizada na atual Evoramonte, Dipo, que sobreviveu até à época romana. Avançaram até às margens do Mondego, fundando Beuipo (Alcácer do Sal), Olisipo (Lisboa) e Colipo (Leiria).

Cempsos


Foram uma tribo que habitou o sudoeste da Península Ibérica, habitando a região do Cinético (Algarve). Viveram numa região chamada Cuneum Ager (“Campo Cónio”), sendo uma variante étnica dos cónios, com fortes influências lígures ou célticas. Apesar de tudo, estas hipóteses permanecem em aberto, pela falta de indícios significativos. Terão sido os cempsos a fundar Sesimbra.

Cónios


Eram os habitantes dos atuais Algarve e Baixo Alentejo antes do século VIII a.C, antes de serem integrados em território romano. A origem étnica dos Cónios permanece uma incógnita: poderão ter uma origem celta, proto-celta ou pré-céltica ibérica. Cronistas da antiguidade greco-romana enumeraram mais de 40 tribos ibéricas, entre as quais se contava a tribo cónia.

Draganos


A história e origem deste povo está envolta em mistério. Alguns historiadores afirmam que são descendentes da tribo italiana dos Lígures, que terão migrado para a Península Ibérica. Também se coloca a possibilidade de serem antepassados dos Vetões, que viriam a ocupar mais tarde o território que hoje corresponde à Beira Interior.
Uma das poucas certezas que se tem sobre os Draganos é que eles foram os responsáveis pela “cultura dos berrões”, que se caracteriza por estátuas de animais como javalis, lobos e ursos que ainda hoje podem ser encontradas em alguns locais de Trás-os-Montes e das Beiras.

Vetões


A sua cultura é muito semelhante à dos Draganos. Por isso mesmo, supõe-se que seriam descendentes destes últimos e que teriam migrado da Galícia e de Trás-os-Montes para a Beira Interior.

Túrdulos


Podemos dividir os Túrdulos em 2 povos distintos (que também habitaram 2 locais diferentes). Os Túrdulos originais viviam no Alentejo, ao longo do rio Guadiana, antes da chegada dos romanos à Península Ibérica. Alguns historiadores consideram que Túrdulos e Turdetanos seriam o mesmo povo, embora outras achem que eram dois povos diferentes, mas vizinhos.
Mais tarde, deram origem a um novo grupo, os chamados Túrdulos Velhos, que migraram para norte e se estabeleceram na zona que hoje corresponde à Beira Litoral. Juntamente com os Lusitanos e com os Galaicos, os Túrdulos Velhos lideraram a resistência às invasões romanas.

Turdetanos


Embora alguns historiadores considerem que eram o mesmo povo que os Túrdulos, existem evidências que poderá não ser exatamente assim. O geografo grego Estrabão considerava-os, por exemplo, como os habitantes mais cultos e civilizados da Península Ibérica. Para isso terá contribuído serem descendentes dos Tartessos, um povo culturalmente avançado para aquela época.
Exploravam minas de prata e cobre, faziam comércio com os povos vizinhos, produziam cerâmica de qualidade e tinham rituais funerários próprios (os seus mortos eram incinerados em vez de enterrados).

Lusitanos


Eram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Os Lusitanos limitavam a Norte com os galaicos e astures, a sul com os béticos e a oeste com os celtiberos, na zona mais central da Hispânia Tarraconense.
A sua figura mais notável e conhecida foi Viriato, um dos líderes do combate aos romanos, que apenas foi derrotado quando foi assassinado à traição. As suas fronteiras não coincidiam com o atual território nacional, mas são uma das bases etnológicas dos portugueses do centro e sul, assim como dos habitantes da Estremadura espanhola.

Fenícios


Este povo de navegadores e comerciantes era originário do atual Líbano e da zona costeira da atual Síria. A abundância de peixe nas nossas costas despertou o interesse dos Fenícios, assim como a procura de metais como a prata, cobre e estanho.
Traziam produtos como tecidos, vidros, porcelanas e armas para fazerem as suas trocas comerciais. Fundaram as Feitorias (postos comerciais) no litoral, criaram o primeiro alfabeto e usaram o papiro para escreverem. Infelizmente, restam-nos poucos vestígios deste povo.

Gregos


Concorrentes comerciais dos Fenícios, chegaram à Península Ibérica depois destes e aqui fundaram diversas colónias, introduzindo a civilização helénica no Sul e Leste da Península.
Como vestígios da sua presença, deixaram a ânfora, vasos e moedas, assim como a noção de moeda, que começou a ser cunhada localmente. No entanto, esta prática apenas se tornou corrente nos restantes territórios da Península Ibérica em anos posteriores, sob a influência de Cartago.

Cartagineses


Descendentes dos Fenícios, dedicaram-se ao comércio de metais e à salga do peixe. A eles se atribuiu a fundação de Portimão e de outras colónias de pescadores na costa algarvia.
Para além de comerciantes, eram também grandes exploradores, com muitos historiadores a acreditarem que chegaram à Serra Leoa e ao Golfo da Guiné, embora não seja provável que tenham estabelecido rotas permanentes de comércio. Não se crê que tenham feito trocas comerciais para além de Marrocos.

Celtiberos


Segundo alguns autores, são o povo que resultou da fusão das culturas do povo Céltico e do povo Ibero, nativo da Península Ibérica. Não existe unanimidade entre os historiadores quanto à origem destes povos. Para outros autores, são um povo celta que adaptou os costumes e tradições iberas.
Seja como for, estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos autónomas numa espécie de federação. Resistiam bravamente aos invasores romanos até cerca de 133 a.C. Deste povo desenvolveram-se os Lusitanos.

Romanos


É um dos povos que mais heranças nos deixou, entre o latim, a numeração romana, pontes, aquedutos e cidades. A calçada portuguesa é também criação romana, povo que em muito desenvolveu a nossa agricultura com a cultura do azeite e do vinho. As próprias leis do mundo ocidental ainda hoje são influenciadas por este povo.

Suevos


Começaram por ser guerreiros e lavradores, e, mais tarde, tornaram-se conquistadores e alargaram o seu reino para sul, até ao Tejo. Converteram-se ao cristianismo por influência de S. Martinho de Dume e fundaram o Reino dos Suevos, com capital em Braga.
Segundo o historiador Dan Stanislawski, o Norte de Portugal tem ainda fortes influências suevas, com a prevalência de pequenos terrenos rurais, o arado quadrado, o espigueiro e nomes como Freamunde ou Guilhofrei, que evocam origens germânicas.

Visigodos


Chegaram à Península Ibérica em 416, fundando um reino e submetendo os suevos, dominado assim o território durante longos anos. O reino dos Visigodos era uma monarquia absoluta, com capital em Toledo. Regiam-se pelo Código Visigótico e tinham uma sociedade formada por clero, nobreza e povo.
A pouca arte visigótica que podemos admirar em Portugal está na ourivesaria e arquitetura, como a Capela de S. Frutuoso de Montélios, a Igreja de S. Pedro de Balsemão e a Igreja de S. Gião da Nazaré. Deixaram um importante legado jurídico.

Alanos


Os Alanos foram um povo de origem persa que migrou para diversas partes da Europa nos séculos IV e V. Após serem derrotados pelos Hunos, resolveram acompanhar os Suevos e os Vândalos numa migração que atravessou os Pirinéus e os conduziu até à Península Ibérica.
Estabeleceram-se na zona que correspondeu no passado ao território dos lusitanos, a Lusitânia, com capital em Pax Julia, a atual cidade de Beja. No entanto, não estiveram por cá muito tempo: foram derrotados em batalha pelos Visigodos e expulsos para o norte de África juntamente com os Vândalos.

Vândalos


Tal como os Alanos e os Suevos, migraram para a Península Ibérica no século V. Aqui dividiram-se em 2 grupos: no norte misturaram-se com os Suevos e formaram o reino com o mesmo nome, enquanto que a sul tinham o seu próprio reino, localizado na região que hoje corresponde à Andaluzia.
O seu destino foi em tudo semelhante ao dos Alanos: derrotados pelos Visigodos, fugiram para o Norte de África através do estreito de Gibraltar e aí fundaram um novo reino, que também viria a durar pouco tempo.

Judeus


Até à sua expulsão, no reinado de D. Manuel I, existiam muitos judeus no nosso país, com grande relevância e influência na sociedade. Muitos deles desempenharam importantes trabalhos relevantes para o sucesso das descobertas portuguesas, em áreas como a matemática, astronomia e cartografia.
Tomar e Coimbra são algumas das cidades com traços da arquitetura judaica do passado (como fontes). Na gastronomia, deixaram a sua marca na famosa alheira de Mirandela (Trás-os-Montes).

Muçulmanos


A presença muçulmana no nosso país durou 500 anos, pelo que é natural que tenham deixado inúmeras marcas. Temos mesmo diversos bairros atuais que preservam o mesmo aspecto do tempo dos muçulmanos (como a Mouraria e Alfama), assim como a sua influência nas casas tradicionais do Alentejo e Algarve.
Inventaram o tanque, a nora e os canais de rega, e trouxeram a oliveira, o limoeiro, a laranjeira, a abóbora, a cenoura, o arroz e a figueira. Na gastronomia, deixaram-nos o arroz doce, a aletria e o açúcar, entre outros. Hoje, quase todas as palavras portuguesas começadas por al- têm origem muçulmana.

Africanos


A zona do Sado foi povoada por escravos negros, existindo registos paroquiais e do Santo Ofício que mostram que, já no século XVI havia pessoas de cor negra a viver em terras de Alcácer.
A verdade é que, no século XVI, muitos portugueses embarcavam nas naus, o que agravava o défice demográfico existente. Por esta razão, os proprietários das férteis terras do Sado terão resolvido povoá-las com negros comprados no mercado de escravos.

Ciganos


Segundo alguns documentos, os ciganos encontram-se em Portugal há cerca de 500 anos, tendo vindo do Noroeste da Índia, fruto de um movimento migratório feito através de longas caminhadas, que originou a apropriação de culturas e línguas diferentes, mas com elementos em comum.
O primeiro grupo que chegou a Portugal, em meados do século XV, terá causado alguma estranheza, pela sua língua estranha, por se vestirem de forma considerada exótica e por terem hábitos e culturas diferentes.

Franceses


Em 1199, D. Sancho I, para além de doar a Herdade da Açafa à Ordem do Templo, anuncia a vinda de colonos franceses, que chegariam de forma faseada, para povoar o nosso território.
Estes colonos instalaram-se e ergueram habitações, fundando aglomerados populacionais a que deram o nome de origem das suas terras. Assim surgiram terras como Nisa, a “nova Nice”.



Fonte: VortexMag

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