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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A PICARETAGEM DO ESTADO ISLÂMICO

Toda estória tem três lados. Três versões.
A minha, a sua e a verdadeira.
A França e os seus aliados bombardeiam e matam centenas de inocentes na Síria e Iraque.
Não adianta falarmos que não temos nada com isso, que é um problema da França, Alemanha, Itália, Bélgica e de alguns outros países europeus, que está longe do Brasil, etc. Não. Não está longe de nós não. Afinal, moramos todos no mesmo planeta e não temos para onde correr, para onde ir além dos limites da nossa casa, que é a Terra! Pensando cosmicamente, o Estado Islâmico está logo ali, na esquina.
O que penso sobre esse pessoal do ISIS (principalmente na Europa) é que são pessoas sem um lugar para chamar de lar, sem um lugar ou para quem “voltar”. Eles não são árabes em sua terra, e não são europeus na Europa. Por isso tantos nacionais lutam ao lado do Estado Islâmico, contra seu país natal. Você sabia eu um jihadista fundamentalista não pode ter filhos? É para que não tenham para quem voltar; para que não tenham “laços”.
Pobreza, ignorância, medo e dinheiro. Alguns se juntam ao Estado Islâmico porque ele paga bem. Outros, porque acreditam que o EI os protege de outras facções. Alguns estão convencidos e acreditam na doutrina do EI. E outros simplesmente não têm opção, são forçados a se juntar à eles.
A França e os franceses, por sua vez, são muito “bairristas”; ou você é francês ou se adapta ao modo francês de ser. Caso contrário, não será aceito. A França não aceita o diferente. Basta ver a Lei francesa de 2010, e aprovada pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos em 2014, que proíbe o uso do véu islâmico em lugares públicos. Isso, para uma mulher islâmica tradicional, é uma ofensa, um despautério! É como se uma brasileira ou uma norte-americana fosse obrigada a sair às ruas sem camisa, com os seios à mostra.
Nós, brasileiros, os norte-americanos e até os ingleses aceitamos quem não é como nós, mas os franceses não.
Eu sei, também, que aquela região onde hoje é a Síria e o Iraque (Turquia, Jordânia, Líbano...) foi fatiada e dividida secretamente e traiçoeiramente pela Inglaterra e pela França no começo do século passado. Isso leva à que os jovens de 18, 20 anos se sintam traídos e com sentimento de vingança a esses dois países.
Mas isso não lhes dá o direito de guerrear da maneira como veem fazendo.
Numa guerra “típica”, existe o conforto de que, caso você seja feito prisioneiro, serão respeitados os acordos internacionais que, até mesmo os inimigos numa hora dessas respeitam. Prisioneiros de guerra devem ser tratados com justiça e humanidade. Não é o que vemos no EI. Não é o que vimos na Segunda Guerra Mundial. Por isso tanto horror, ainda hoje, aos fatos dessa guerra.
Eles – o Estado Islâmico, propagam o terror como arma. E funciona!
Numa guerra convencional você sabe com quem e aonde está lutando, no sistema do EI você não sabe, pois eles não têm um alvo, não tem uma “cara”, não tem um lugar ou uma data certa para atacar. Apenas importa instalar o terror, sem rumo e sem prumo.
O EI é formado por picaretas que se alimentam da ignorância das pessoas e recrutam miseráveis. Infelizmente, o sucesso deles é impressionante.
Isso é inaceitável à quem objetiva um mundo melhor.
Os bombardeios da França, Inglaterra e Rússia à Síria tem um alvo, mesmo que este não seja, por vezes, atingido, e, assim, matando inocentes.
Claro, isso não justifica nem exime estes países de sua culpa. Mas é um modo diferente de lutar. Diferente, digo, do EI.
Não existe guerra limpa. No campo de batalha, é impossível dizer; este aqui é terrorista, ou este aqui é civil. É óbvio que sírios inocentes foram mortos por ataques internacionais contra o EI.
Já as ações do ISIS me parecem desesperadas, por vezes, mal planejadas ou mesmo sem nenhum planejamento: o importante é matar, sem critério, o maior número de inocentes possível para impor o medo e o terror.
Se a França, como disse acima, não tolera “diferentes”, o EI o faz de maneira ainda mais inescrupulosa e cruel.
Sou contra qualquer tipo de guerra, claro. Mas esta guerra que está sendo travada pelo EI é ainda pior e mais tirana.
Os horrores do nazismo, me parecem, não foram suficientes para que a humanidade (sim, os homens do Estado Islâmico são humanos!) aprendesse que não é impondo com uso do terror, crueldade e tortura que seus objetivos serão alcançados.
Infelizmente, nem com diplomacia.
O que o Estado Islâmico, a França, Inglaterra, EUA, etc., teriam que aprender é que ninguém é como você quer que seja, todos somos diferentes e iguais ao mesmo tempo.
Tem um ditado que diz: “Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses, entenderá por que rejeito o seu”.
Mas... ninguém se lembra disso e, para mim, a humanidade está condenada a extinção. Pena que ainda demorará uns bons anos para isso acontecer e, até lá, serão anos de dor e apreensão.










 






Imagens: Google
Texto: Jefferson Oliveira



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