Páginas

sexta-feira, 5 de julho de 2013

São Cristóvão/SE - Visita Técnica

Em 22 de junho de 2013 a Turma do 5º período do Curso de História da Universidade Tiradentes (Unit), de Aracaju/SE, foi agraciada com uma Aula de Campo, organizada pelo Professor Msc. Rodrigo Reis Leite.

Praça São Francisco: Patrimônio Cultural da Humanidade
Nesta visita técnica, interessantíssima, os alunos puderam conhecer um pouco mais e apreciar um dos mais importantes centros históricos do Brasil: a cidade de São Cristóvão.

Distante 26 km da capital, Aracaju, encontramos a cidade de São Cristóvão. Primeira capital do Estado de Sergipe até a transferência da sede administrativa, mudança realizada em 17 de março de 1855. Quarta cidade mais antiga do Brasil, considerada monumento nacional e elevada a categoria de Cidade Histórica em meados do século XX – tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional desde 23 de janeiro de 1967 – conquistou em 2010 uma condição reservada a outros 17 locais no Brasil: a UNESCO elegeu a Praça de São Francisco, em agosto de 2010, para Patrimônio Mundial.

Nesta visita técnica os alunos tiveram a oportunidade de obter informações sobre a cidade, sua história cultural, seus fazeres e saberes.


Professor Msc. Rodrigo Reis Leite
São Cristóvão foi fundada por Cristóvão de Barros em 1° de Janeiro de 1590, no contexto da Dinastia Filipina em Portugal, União Ibérica.

Conquistas e Reconquistas

A cidade sofreu sucessivas mudanças, até firmar-se no local em que hoje se encontra, à margem do rio Paramopama, afluente do rio Vaza-Barris. Em 1637 foi invadida pelos holandeses (ou neerlandeses: povos europeus, dos chamados “Países Baixos”), ficando praticamente destruída. As tropas luso-espanholas, sob o comando do conde de Bagnoli, tentando evitar o abastecimento dos inimigos, incendiaram as lavouras, dispersaram o gado e conclamaram a população a desertar. Os neerlandeses, que encontraram a cidade semideserta, completaram a obra da destruição.

Foto: Em frente ao antigo Convento do Carmo - Museu dos Ex-votos
Em 1645, os neerlandeses foram expulsos da capitania de Sergipe, deixando a cidade em ruínas. No final do século XVII, Sergipe foi anexado à Bahia e São Cristóvão passa a sede de Ouvidoria. Em 1710 foi invadida pelos habitantes de Vila Nova, região norte de Sergipe, revoltados com a cobrança de impostos por Portugal. Nos meados do século XVIII, a cidade foi totalmente reconstruída. Em 1763 sofre a invasão dos negros dos mocambos e índios perseguidos.

No dia 8 de julho de 1820, através de decreto de Dom João VI, Sergipe foi emancipado da Bahia, sendo elevado à categoria de Província do Império do Brasil e São Cristóvão torna-se, então, a capital.

Construções Históricas

Cidade tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 23 de janeiro de 1967, tendo sido inscrita no livro de tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico, enquanto que em nível estadual já havia sido elevada a categoria de Cidade Histórica pelo Decreto-lei nº. 94 de 22 de junho de 1938, do Governador-Interventor Eronildes Ferreira de Carvalho.



Os principais edifícios históricos do centro de São Cristóvão, a cidade alta, possuem acautelamento governamental, ou seja, tombamento. A Igreja e Convento de São Cruz, ou de São Francisco, e onde também funciona o Museu de Arte Sacra, é o primeiro monumento tombado no Estado de Sergipe pelo IPHAN em 1941. Depois temos a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Vitórias, Igreja do Rosário dos Homens Pretos e o Conjunto Carmelita (que conta com a Igreja e Convento do Carmo, e a Igreja da Ordem Terceira que é mais conhecida como Igreja de Nosso Senhor dos Passos) em 1943. Ainda naquele ano são tombados os sobrados de Balcão Corrido da Praça da Matriz, o da Praça de São Francisco e o da Rua Messias Prado. Em 1944, a Igreja e Antiga Santa Casa de Misericórdia, que hoje é o Lar Imaculada Conceição. E em 1962, a Igreja do Amparo dos Homens Pardos.

Patrimônio Cultural Da Humanidade

Em 1° de Agosto de 2010 o Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) anunciou, em Brasília, que a praça São Francisco, em São Cristóvão (SE), é o mais novo patrimônio cultural da humanidade.

Praça São Francisco - Museu de Arte Sacra

“A história é uma galeria de quadros onde há poucos originais e muitas cópias.”
(Alexis de Tocqueville)


Abaixo seguem algumas fotos feitas pelos alunos, quando do “passeio cultural” a esta cidade, que é considerada monumento nacional.


À caminho do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo


Caminhada da Turma pelas vielas seculares de São Cristóvão


Chegada a Igreja de Nossa Senhora do Carmo




Chegada ao Museu do Ex-votos, que está instalado no interior do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo 




Em frente a Igreja do Carmo, o Professor Msc. Rodrigo dá inicio às explanações sobre
sua pesquisa de campo a respeito dos Ex-votos

Professor Msc. Rodrigo R. Leite cita algumas peculiaridades sobre os Ex-votos

O Professor explica à Turma que o ex-voto é uma presença na vida do praticante. Presença que o liga a outras presenças (outras pessoas) compartilhando sentimentos, relações, situações que acabam por revelar a capacidade de dar sentido à vida através de objetos criados para esse fim.

Interior do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Interior do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Interior do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Tumulo de fiéis abastados, que podiam comprar um lugar “mais perto de Deus”, ou seja, alguns mortos com maior poder aquisitivo, eram sepultados dentro das Igrejas e quanto mais próximos do altar mais valorizado o túmulo. A vida social entre túmulos chegou a tal nível de efervescência que a Igreja passou a legislar sobre o uso do espaço.

Interior do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Interior da sala de depósito dos Ex-votos

Sala da Sacristia do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

A sacristia faz parte do conjunto arquitetônico do Convento e sua localização fica entre a
Igreja de Ordem Terceira e a Igreja Conventual do Carmo

Sala da Sacristia do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Sala da Sacristia do Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Pinturas de teto em caixotões situadas na Sala da Sacristia, onde se encontra a Pia Batismal.
Pinturas representativas de Santa Teresa e de fatos representativos da história da Ordem do Carmo

No Brasil, é de costume encontrar pinturas de caixotões exclusivamente nos tetos das sacristias,
fazendo parte ora das igrejas conventuais, ora das igrejas de ordem terceira

Dentro da sala dos Ex-votos: Local de adoração, pagamento e depósito dos objetos em agradecimento
às graças recebidas.

Como um tipo de testemunho religioso e público de gratidão, os ex-votos são objetos de oferta e
agradecimento por uma graça obtida por intermédio de uma divindade

No caso da prática dos ex-votos aqui investigada, sua apreensão e seus limites de sentido e
significado são encontrados na cidade de São Cristóvão

O acervo da Igreja do Carmo é basicamente composto por peças feitas em madeira, gesso, cera, alguns desenhos e pinturas, papel, roupas, cimento, plástico, cabelos humanos, galhos de árvores, barro, ferro, fotografias, cartas, documentos pessoais e diversos objetos resinificados

O objetivo da prática ex-votiva é justamente retribuir a graça alcançada, não apenas como agradecimento, mas como uma forma de compromisso assumido pelo fiel e consolidado após a conquista da graça

“Sala dos milagres" - Nome comumente atribuído ao local onde se depositam os ex-votos. Em São Cristóvão,
essa sala é também chamada de “Museu dos ex-votos” e está localizada na Igreja do antigo Convento do Carmo 

Ladeira típica da cidade de São Cristóvão, com o seu calçamento no estilo pé-de-moleque

Almoço de confraternização da Turma

Almoço de confraternização da Turma



Linha de trem desativada

Linha de trem desativada
A Turma, enfrentando a ladeira



Professor Rodrigo vencendo a ladeira secular

As pedras irregulares no calçamento fazem parte do cenário de São Cristóvão. Conhecido como pé-de-moleque, o calçamento com as pedras foi feito para evitar que as tropas de mulas – carregadas de preciosidades, como ouro ou café – atolassem nos dias de chuva e levantassem nuvens de poeira nos dias de sol

Dentro do Museu do Estado de Sergipe. Pode-se perceber ao lado esquerdo da foto, o auto-retrato
do pintor sergipano Jenner Augusto (1924 - 2003).

Dentre os itens do acervo do Museu do Estado de Sergipe se destacam obras do pintor Horácio Hora (1853-1890), objetos relativos à história do cangaço e coleções pessoais de personagens históricos, como o do jornalista e político Lourival Fontes (1899-1967), ministro de propaganda de Getúlio Vargas

Canhões e munições usadas no combate de Canudos 1896-1897

Praça São Francisco: localizada no centro histórico da cidade de São Cristóvão. Foi construída entre os séculos XVI e XVII. Foi designada Patrimônio Cultural da Humanidade em 1° de agosto de 2010 pela Unesco

Igreja e Convento São Francisco - Praça São Francisco

Museu de Arte Sacra: Interior da Igreja São Francisco

"Bricelet” - biscoitos, fininhos como hóstias,
feitos pelas freiras do Lar Imaculada 
Conceição, o antigo orfanato de São Cristóvão

Pátio do Lar Imaculada Conceição, antigo orfanato de São Cristóvão

Interior do Lar Imaculada Conceição

Vista da Igreja e Convento São Francisco

Vista da Igreja, Convento São Francisco e casas da época colonial


Interior do Lar Imaculada Conceição

A esquerda o Museu Histórico de Sergipe e a direita parte da  Praça São Francisco

Professor Msc. Rodrigo Reis Leite com o aluno Jefferson Oliveira

Salão de festas do Lar Imaculada Conceição

Professor Rodrigo com os alunos Jefferson Oliveira, Antônio Milton, Carlos Alexandre e Augusto Luis


Ex-Votos:

Tendo consciência ou não do que faz, o fiel desempenha um papel criativo quando confecciona um objeto que irá representar as causas que o levaram a praticar o ex-votismo e a superação dessas causas por meio de uma intervenção divina.
O ex-voto é uma imagem e as imagens sempre resistem. Esse objeto tem existência formal própria, que se dá a observação consciente como qualquer outra coisa e que mantém relações externas não só com o sagrado, mas com todas as outras formas de pensamento.
Mesmo pertencendo ao campo religioso o ex-voto necessita de uma representação plástica.
Não há, não poderia haver ex-votos sem a consciência da sua função religiosa. Mas a imagem é também um tipo de consciência, uma ação tão estética, quanto espiritual e religiosa.
Assim sendo, o ex-voto tem duas formas de existência: uma sobrenatural, dependente da ação do fiel e pertencente ao campo religioso; outra física, que existe independente do fiel, uma presença que opera no mundo das coisas.


Texto do Professor Msc. Rodrigo Reis Leite





Textos: Professor Msc. Rodrigo Reis Leite e Jefferson Luis de Oliveira
Fotos: Jefferson Luis de Oliveira

2 comentários:

  1. Parabéns ao professor Rodrigo Reis pela iniciativa.

    att. Flávia dos Santos Andrade, assessora pedagógica do curso de História/EAD-UNIT

    ResponderExcluir
  2. E aos alunos também pelo interesse em conhecer um pouco da história do nosso Sergipe.

    att. Flávia dos Santos Andrade, assessora pedagógica do curso de História/EAD-UNIT

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário. Ele é a nossa recompensa.