Diálogo entre
Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable
Rouge, de Antoine Rault:
Colbert: -
Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é
possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é
possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino: - Um
simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas
o Estado é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele
continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah,
sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: -
Criando outros.
Colbert: - Mas
já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: -
Sim, é impossível.
Colbert: - E
sobre os ricos?
Mazarino: - Os
ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver
centenas de pobres.
Colbert: -
Então, como faremos?
Mazarino: -
Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade
enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer
e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez
mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para
compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe
média!
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