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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Não há uma verdadeira grandeza nesta fórma de considerar a vida...?

Respeitando a ortografia original, transcrevo o parágrafo final da primeira tradução portuguesa da "Origem das Espécies" de Charles Darwin (Livraria Chardon, 1913):
"É interessante contemplar uma ribeira luxuriante, tapetada com numerosas plantas pertencentes a numerosas espécies, abrigando aves que cantam nos ramos, insectos variados que volitam aqui e ali, vermes que rastejam na terra única, se se pensar que estas formas tam admirávelmente construídas, tam diferentemente conformadas, e dependentes umas das outras duma maneira tam complexa, teem sido todas produzidas por leis que actuam em volta de nós. E estas leis, tomadas no seu sentido mais lato, são: a lei do crescimento e reprodução; a lei da hereditariedade que implica quási a lei da reprodução; a lei da variabilidade, resultante da acção directa e indirecta das condições da existência, do uso e não-uso; a lei da multiplicação das espécies em razão bastante elevada para trazer a luta pela existência, que tem como consequência a selecção natural, que determina a divergência de caracteres, e a extinção de formas menos aperfeiçoadas. O resultado directo desta guerra da natureza, que se traduz pela fome e pela morte, é pois o facto mais admirável que podemos conceber, a saber: produção de animais superiores. Não há uma verdadeira grandeza nesta fórma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só? Ora, enquanto que o nosso planeta, obedecendo à lei fixa da gravitação, continúa girar na sua órbita, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas, saídas dum comêço tam simples, não tem cessado de se desenvolver e se desenvolve ainda!".

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