Estás à espera de quem?
-Já não espero ninguém, estou só a usufruir a brisa passar.
Não tens família?
-Tenho! Deixei de esperá-los.
Estão zangados?
-Não! Estamos resolvidos, de bem com a vida.
Como assim?
-Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar ninguém.
Mas, uma mãe e um pai devem esperar sempre os seus filhos.
-Por muitos anos achei que sim, depois aprendi que só
esperamos na ilusão de posse.
No dia em que entendermos que ninguém pertence a ninguém, que até os filhos são do Universo passaremos a ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reserva.
E quando os filhos não chegam?
-Quem nada nem ninguém espera, tudo é só vida a acontecer.
É difícil de entender.
-Eu sei, fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico Amor é saber desapegar. Amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitindo ao outro voar.
E não sentes solidão?
-Ela não existe para quem resgatou para si o direito de
também continuar a voar.
E hoje, mesmo de forma diferente, aceito e ajusto e continuo a permitir-me o meu vôo.
E quando não conseguires?
-Eu acredito que quem se permite a ser livre, a morte
chegará leve, quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de
regresso a casa.
E sabes, acredito também que esse é o propósito da vida,
nunca deixar de voar, para que Alma voe para sempre Ser.
Até lá, vou continuar a usufruir simplesmente a brisa passar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário. Ele é a nossa recompensa.