“Mate-me novamente ou aceite-me como eu sou, por que eu não mudarei.”
Marquês de Sade
Marquês de Sade passou a conde depois da morte do pai.
Como escritor, ele descreveu o prazer de torturar e humilhar o parceiro para obter satisfação sexual. Ele usava a violência em busca do prazer, na intimidade das alcovas e das celas de prisões e asilos que frequentou. Foi por isso que esse hábito ganhou o nome de sadismo.
Homem de várias amantes, Sade promovia orgias bissexuais e estava envolvido em acusações de envolvimento com prostitutas que permitiam-se flagelar, casos homossexuais com seu criado e era inimigo declarado da religião.
Mas foi a sodomia, seu maior problema, em 1768 foi acusado por uma jovem por tê-la torturado prazerosamente enquanto proferia obscenidades.
Sua fama cresceu por causa das inúmeras queixas que as prostitutas faziam às autoridades policiais. Ele as levava a um apartamento alugado na rua Muffetard, em Paris. Ao chegar lá, as prostitutas eram apresentadas a uma coleção de chicotes, cinturões de couro e correntes.
Sade passou a vida inteira se metendo em encrencas com a lei. Dos 74 anos de vida, ele ficou nada menos que 29 em prisões e asilos para doentes mentais. Certa ocasião, Sade foi preso por promover uma orgia em Marselha, onde foram servidos bombons de chocolate envenenados aos participantes. Um mês após o seu casamento, ele acabou detido por provocar desordens num prostíbulo ao lado de sua casa.
Em julho de 1780, Sade terminou o texto de Diálogos entre um Padre e um Moribundo. O diretor do presídio leu os manuscritos e ficou chocado. Mandou retirar no mesmo instante pena e papel da cela do prisioneiro, para evitar que ele voltasse a escrever "coisas tão revoltantes".
No ano seguinte, Sade foi transferido para a prisão da Bastilha. Após vinte dias de trabalho, com jornadas de 19 a 22 horas, ele terminou sua obra principal: Os 120 Dias de Sodoma , também conhecida como Escola para Libertinos. Escrita num rolo de papel de 12 metros de comprimento, a obra descreve 600 variações do instinto sexual. A violência neste livro foi a forma que o autor encontrou para afrontar a Igreja, a família e o Estado em sua época. A obra conta com cenas de incesto, tortura, orgias e assassinato. Não foi à toa que o sobrenome do autor deu origem ao termo “sadismo”. Marquês de Sade foi preso diversas vezes por seu comportamento e acabou falecendo em um hospício.
Hoje considerado um clássico maldito, pois passou quase trinta anos preso mais por suas ideias e por seu comportamento sexual do que por seus crimes, Sade só começou a ser valorizado pelos surrealistas, no começo do século 20.
A influência de Sade pode ser notada também em autores como o dramaturgo francês Jean Genet, homossexual, ladrão e presidiário, que retoma muitos dos temas do marquês, também desenvolvidos em ambientes carcerários franceses.
Sade, considerado o príncipe da libertinagem, em seus contos libertinos tem muito a nos dizer, sobre as práticas sexuais da aristocracia francesa do século XVIII.
Elisabeth Roudinesco historiadora e psicanalista, em seu livro “A parte Obscura de nós mesmo, uma história dos perversos” faz vários apontamentos sobre essa aristocracia que pregava uma moral, e vivia em um universo paralelo de volúpias.
Sade que foi criado nesse meio projetou muito do que viveu e viu em suas obras. Não só um libertino, Sade foi “um filho de seu tempo.”
"As grandes guerras que impuseram tão pesado fardo a Luís XIV esgotaram tanto os recursos do tesouro quanto do povo. Mas mostraram também a um bando de parasitas o caminho da prosperidade. Tais homens estão sempre a espreita de calamidades públicas, que não se preocupam em aliviar, antes procurando criá-las e alimentá-las a fim de que possam tirar proveitos dos infortúnios alheios." (Os 120 Dias de Sodoma).
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