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sábado, 16 de julho de 2016

PRINCÍPIO

Não tenho deuses.
Vivo  desamparado. 
Sonhei deuses outrora, 
Mas acordei. 
Agora 
Os acúleos são versos, 
E tacteiam apenas 
A ilusão de um suporte. 
Mas a inércia da morte, 
O descanso da vide na ramada 
A contar primaveras uma a uma, 
Também me não diz nada. 
A paz possível é não ter nenhuma. 

Miguel Torga

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