Páginas

domingo, 20 de março de 2011

Intoxicação Religiosa

Neste ano, nos dias 19 e 20 de março, comemora-se o dia do Nosso Senhor dos Passos.
Imagem de Nosso Senhor dos Passos
Trata-se de uma invocação de Jesus Cristo e uma devoção especial na Igreja Católica a ele dirigida, que faz memória ao trajeto percorrido por Jesus Cristo desde sua condenação à morte no pretório até o seu sepultamento, após ter sido crucificado no Calvário.
Fomos até a cidade de São Cristóvão (que detém o título de a quarta cidade mais antiga do Brasil), em Sergipe, para conhecer um pouco sobre essa fé que arrasta milhares de pessoas de várias partes do estado, e do país, para manifestar sua crença.
É sempre bom lembrar que as pessoas identificam-se com uma determinada religião por herança cultural ou por conversão.
A festa de Nosso Senhor dos Passos, além de uma festa religiosa, é uma festa cultural.
No caso da herança cultural, a prática religiosa é aprendida junto com um conjunto de crenças, hábitos e valores que são assimilados desde a infância sem maiores questionamentos e aceitos pelo adulto, no mais das vezes, sem grandes resistências, mas também sem excessiva convicção.
A hipótese de renunciar às suas crenças é tão estranha àquele que as adquiriu por herança cultural quanto seria passar a utilizar-se, junto aos seus conterrâneos, de outro idioma que não o seu nativo. Embora a decisão seja individual, fortes interações com o ambiente social desmotivam eventuais tentativas de mudança.
O mais comum é deixar como está, e a religiosidade é preservada mais por inércia do que por fé verdadeira. Uma ilustração desta tese é o grande número de brasileiros que se declaram “Católicos não praticantes”.
Não importa qual a sua origem — tradição ou conversão, a religiosidade está intrinsecamente ligada à emoção.
A premissa de ser a emoção do crente o sustentáculo da religiosidade — que assim pode ser definida como “Sentimento Religioso”, explica a dinâmica dos cerimoniais das grandes religiões — a melancolia do serviço de sinagoga, a introspecção da oração muçulmana, a solenidade da missa Católica tradicional e, como vimos em São Cristóvão, a festa em louvor ao Nosso Senhor dos Passos visam gerar o clima emocional adequado para que a fé se manifeste em sua plenitude.
Instituições menos sutis valem-se deste recurso de modo exacerbado e ostensivo, assim os gritos, gesticulações e cantorias desvairadas dos cultos pentecostais e das “Missas” carismáticas nada mais são do que uma exploração grosseira da ligação entre religiosidade e emoção, ficando claro que estas instituições valem-se da superdosagem do fator emocional para acelerar e maximizar a dinâmica da religiosidade em seus fiéis.
Para quem acha que estou exagerando, dê uma olhada nas fotos abaixo e veja até que ponto as pessoas se deixam levar por este sentimento de emoção, de devoção e de subserviência.
Para os "milagres" atribuídos à santos, deuses e afins, eu chamo de "efeito placebo psicológico", nada mais.


Fiéis aguardam o início das comemorações em celebração ao Senhor dos Passos
A Igreja da Ordem Terceira, construída no século XVIII que é mais conhecida como
Igreja Nosso Senhor dos Passos, em São Cristóvão/SE
A fé simbolizada
A espera
A sala do "Efeito Placebo Psicológico"
O comércio da fé
A irracionalidade do "Efeito Manada"
A insensatez
A subserviência
A ausência de razão
A ilusão, o erro de percepção e de entendimento


A imposição secular faz com que ocorra uma imitação e a "manada humana" converge para a mesma direção, o mesmo credo, a mesma ilusão.

Um comentário:

Deixe aqui seu comentário. Ele é a nossa recompensa.