“Uma adega já não é o que era. Está melhor, assim como o vinho”. Esta é uma
boa forma de descrever as novas adegas, verdadeiros espaços de admiração
tecnológica e ousadia criativa.
Em época de
vindimas, a azáfama é grande em todas as adegas do país. Uma das melhores formas de saber mais sobre vinhos ou,
até mesmo, participar no processo de
apanha e produção é visitar estes espaços,
quase mágicos, e cada vez mais aliciantes,
do ponto de vista tecnológico,
de design e de arquitetura. “Uma
adega já não é o que
era. Está melhor, assim como o vinho”, escreveu o arquiteto Carlos
Castanheira. O Boa Cama Boa Mesa viajou em busca das mais belas e fantásticas adegas portuguesas.
Adega Gran Cruz (Alijó)
É uma das mais recentes adegas
do universo nacional. Com um investimento de 16 milhões de euros, a Gran Cruz aproveitou uma área, em Alijó, que já tinha
sido um estaleiro de obras, para construir não uma
adega, mas sim uma unidade industrial de grandes dimensões, com duas adegas e um centro logístico de armazenamento. Projetada por Alexandre Burmester
e Jorge Toscano, o novo edifício
consegui fundir tecnologia de ponta com integração
paisagística. Estamos perante uma
adega futurista, em que os tubos de diferentes tamanhos, cores e feitios, são a nova essência que dá vida a
vinhos do Porto e do Douro. Visitas e provas de vinho, individuais ou para
grupos, são feitas por marcação prévia.
Adega Gran Cruz/Vale de S. Martinho, Zona Industrial Alijó, Alto da Giesteira, Alijó. Tel. 223 706 490
Quinta do Encontro (Anadia)
Na Bairrada, a Quinta do Encontro impressiona, logo à distância.
Tenta-se perceber, antes de entrar, como será o
interior desta adega, que é também restaurante e loja. O formato
lembra uma barrica e presta homenagem aos vinhos da região. Para chegar à adega,
movemo-nos em círculo, como se estivéssemos a descer pela espiral de um
saca-rolhas. Funciona como uma montra perfeita para os vinhos produzidos pela
Quinta do Encontro, propriedade da Dão Sul,
já que além da
vasta quantidade e variedade de referências
disponíveis (todas são servidas a copo), são feitas sugestões de harmonização. O leitão é
obrigatório à mesa. Existem visitas guiadas diariamente, mas convém reservar.
São
Lourenço do Bairro, Anadia. Tel. 231
527 155
Quinta do Pessegueiro (São João da Pesqueira)
Propriedade de um investidor francês, a Quinta do Pessegueiro tem vindo a crescer desde 2012.
Os vinhos estão a cargo do enólogo João
Nicolau de Almeida que tem como laboratório uma
extraordinária e inesperada adega,
assinada pelo gabinete Oito em ponto e que impacta ao primeiro olhar, pela fusão do vidro e do betão. Mas, muito mais importante do que
o exterior é a filosofia que esteve na
base da construção deste edifício, com cinco níveis. “A nossa
adega foi concebida de forma a utilizar a gravidade natural ao longo de todo o
processo que transforma a uva em vinho. Com vista a preservar e respeitar o
vinho ao máximo, a utilização de bombas foi totalmente excluída em todo o percurso”, explicam os responsáveis. Agende uma visita à adega, com prova de vinhos e
azeites.
Quinta do Pessegueiro, Ervedosa do Douro, São João da
Pesqueira. Tel. 254 422 081
Adega Mãe
(Torres Vedras)
A Adega Mãe é um espaço que surpreende pelo projeto de arquitetura arrojado. O
edifício enquadra-se perfeitamente
na paisagem, rodeado por vinhas a perder de vista. Com uma forte aposta na
vertente de enoturismo, a Adega Mãe
permite que o visitante acompanhe todo o processo do vinho, com visitas
guiadas, acompanhadas de vários vídeos em cada um dos espaços da adega. Neste tipo de visitas o
melhor fica sempre para o fim: a prova do vinho, aqui ainda mais, porque ela é feita numa varanda com uma vista
arrebatadora. A adega organiza também
passeios pelas vinhas e cursos vínicos.
Tem também uma loja de vinhos, onde
estão disponíveis as marcas da casa: Pinta Negra e Dory.
EM 554, Fernandinho Ventosa, Torres Vedras. Tel. 261 950 100
Adega Quinta da Faísca
(Alijó)
Fernando Guerra
No planalto de Favaios, nome incontornável da história dos vinhos nacionais, a Adega Quinta da Faísca é um
projeto recente, assinado pelo arquiteto Calos Castanheira, que integrou de
forma notável os materiais tradicionais
durienses, como o xisto e o granito, numa construção
arrojada em que o vidro e a madeira ganham especial destaque. Aqui, nesta
quinta com 17 hectares de vinha, são
trabalhados os vinhos de autor da Secret Spot Wines. A adega conquistou o prémio Best of Wine Tourism 2015, na
categoria de Arquitetura e Paisagem. As visitas decorrem de segunda a
sexta-feira, entre as 9h00 e as 17h00. Com marcação prévia, podem ser servidas refeições.
Quinta da Faísca,
Favaios, Alijó. Tel. 934 030 209
Herdade do Rocim (Cuba)
Pela sua arquitetura e organização do espaço
interior, a construção da adega teve um papel
fundamental na notoriedade deste produtor alentejano. Entre Cuba e a
Vidigueira, a Herdade do Rocim estende-se por cerca de 120 hectares e a adega,
dizem os seus responsáveis,
pretende ser um “ponto de encontro de
tecnologia e afetos”. Neste contexto, associam-se
à atividade produtora, diversas
iniciativas de enoturismo, com o espaço a
receber também eventos sociais, culturais
e empresariais. As visitas guiadas decorrem de segunda-feira a sábado, das 11h00 às 19h30. Para além da visita à área
produtiva da adega, há uma
vinha pedagógica para saber mais sobre a
videira e a uva. Dispõe de
bar, terraço panorâmico e loja.
EN 387, Cuba. Tel. 284 415 180
Adega Mayor (Campo Maior)
Instalada num edifício
imponente, de linhas simples e modernas, da autoria do consagrado arquiteto
Siza Vieira, a Adega Mayor convida a uma visita demorada, para que se entendam
todas as fases de produção,
desde a apanha das uvas até ao
engarrafar dos vinhos. Com dois pisos, a adega reserva um terceiro para a
componente social, seja para provas seja para apresentações. É como
um terraço com vista privilegiada para
os 350 hectares da propriedade, onde além de
vinha, também existe olival. É nesta zona que encontra um espelho
de água com um painel de mármore, também de Siza Vieira, que funde a alma do Grupo Nabeiro: café e vinho. Existem diversas atividades
de enoturismo que podem ser usufruídas a
partir da Adega Mayor.
Herdade da Argamassas, Campo Maior. Tel. 268 699 440
Adega Casa da Torre (Vila Nova de Famalicão)
João
Ferrand
É nesta adega que são vinificadas as uvas das três quintas da família Sousa Lopes. Foi totalmente
reconstruída e guarda, no seu interior,
todas as condições para a produção, ganhando o seu exterior uma
beleza serena, mas ao mesmo tempo, desafiadora. O que estará para lá do
ripado de madeira? Para que possa conhecer alguns dos segredos da Adega Casa da
Torre agende uma visita, com prova de vinhos. Na loja pode comprar os verdes
que mais lhe agradarem. Como escreveu o arquiteto Carlos Castanheira, responsável por este projeto: “Uma adega já não é o que era. Está melhor, assim como o vinho. Fresca
como é o vinho. O verde.” Nos cinco hectares da Casa da Torre
pode encontrar as castas Loureiro, Alvarinho e Sauvignon Blanc.
Rua Dr. Carlos Araújo
Chaves, 50, Louro, Vila Nova de Famalicão. Tel.
934 030 209
Ribafreixo Wines (Vidigueira)
Mudaram-se os tempos, recuperaram-se terrenos abandonados,
mas manteve-se o nome popular deste pedaço de
Alentejo: Moinho Branco. A propriedade tem agora 114 hectares, com as diversas
castas a produzirem vinhos brancos, rosés e
tintos. A adega nasceu em 2012 e obedeceu já aos
dois fatores fundamentais da atualidade: ter condições perfeitas para a produção e
para o enoturismo. Assim, num ponto mais alto, foi construído um edifício contemporâneo,
sedutor ao olhar e que faz um excelente aproveitamento de energia, da luz
natural e da gravidade. A vista panorâmica é uma mais-valia à oferta existente: restaurante, loja
de vinhos e sala de provas. Antes, faça uma
visita guiada à adega.
Adega Moinho Branco, Vidigueira. Tel. 284 436 240
Quinta da Pedra (Monção)
Em 2009 passou para as mãos da
Idealdrinks, grupo liderado pelo, curiosamente, empresário da Bairrada, Carlos Dias. É nesta quinta que se encontra a maior extensão de vinha contínua da casta Alvarinho. Destaca-se a
nova adega, que produz vinhos e destilados, marcante pelos tons exteriores e
pelos corações, inspirados nas
filigranas minhotas. “Num diálogo entre passado, presente e
futuro, a arquitetura da nova adega da Quinta da Pedra inspira-se nas Muralhas
de Monção”, justifica a Idealdrinks. Por marcação, pode visitar a adega, a
destilaria e a vinha, provar vinhos ou passear pela quinta. Não perca a oportunidade de apreciar a
vista, a partir do miradouro, no enorme granito (pedra) que batizou o local.
Longos Vales, Monção.
Tel. 251 652 775
Vinhos e arte debaixo de terra
Por fora o aspeto é o de
uma adega. O aroma que perfuma o ar é o do
mosto e por toda a parte há sinais
de vinho acabado de fazer. As Caves Aliança, em
Sangalhos, na região da Bairrada, são tudo isso, mas são também o único museu nacional debaixo de terra,
onde pode apreciar nove coleções
permanentes (€3, sujeito a marcação prévia). A
aventura é longa, cada visita dura uma
hora e meia, e percorre 1,5 km chegando algumas das galerias aos 20 metros de
profundidade. Cada sala do Aliança
Underground Museum tem um nome e um símbolo a
lembrar a sinalética do metro de Londres. No
entanto, é no Níger que a viagem começa, mais
precisamente com uma coleção de
figuras de terracota com mais de 1500 anos, da antiga cultura Bura-Asinda-Sika.
O percurso segue por várias
eras e continentes. De regresso a Portugal, é tempo
de percorrer o século XVIII e descobrir, ao
detalhe, a maior coleção
privada nacional de azulejaria, para depois encontrar a primeira referência ao espumante. Na verdade, uma
grande referência, já que vai passear entre três milhões de
garrafas que estagiam no escuro. O museu tem ainda uma cave, onde vinhos de
cinco regiões de Portugal estagiam em
1000 barricas e uma cave de aguardentes, com um milhão de litros.
Aliança
Underground Museum, Rua do Comércio,
444, Sangalhos. Tel. 234 732 000
Aveleda: vinho e botânica
A Quinta da Aveleda, em Penafiel, está classificada como monumento nacional desde 1910, mas
permanece ainda desconhecida para muitos portugueses. É verdade que os vinhos levaram o seu nome aos cinco
continentes. No entanto, saiba que está num
dos mais magníficos jardins românticos de Portugal. O primeiro
percurso pela Quinta da Aveleda é feito
por uma alameda fechada pela copa das árvores
que leva os visitantes a uma pequena, mas deliciosa, Casa Romântica. A avenida principal conduz até à Casa
Senhorial, seiscentista e devidamente restaurada e ampliada. Muito perto do
bosque que ladeia o lago, onde existem espécies
consideradas raras de carvalhos, pinheiros, criptomérias e araucárias.
Por esta altura, já as três ilhas dominam a atenção,
destacando-se, na paisagem da primeira, a janela quinhentista, bela e única, que é o que resta da casa onde nasceu o Infante D. Henrique,
filho de D. João, rei de Portugal. O caminho
faz-se, depois, em direção à Fonte Grande, uma impressionante
obra localizada sobre uma igualmente impressionante escadaria de granito,
ladeada de rododendros e azáleas.
Outro local, emblemático, é a Torre das Cabras, com três pisos
e que simboliza fertilidade e abundância.
Explica-se que “a cabra protagoniza o mito de
uma terra que soube sempre dar o seu melhor fruto”. A
visita não fica, no entanto, completa
sem uma passagem pela Aveleda Shop, onde poderá
apreciar e comprar os produtos que deram fama mundial a esta quinta e à família
Guedes, sua proprietária. As
visitas guiadas realizam-se todos os dias mediante marcação ou sujeitas à
disponibilidade.
Rua da Aveleda, 2, Penafiel. Tel. 255 718 200
Boa Cama Boa Mesa em Reguengos de Monsaraz
Em plena época de
vindimas conheça os segredos de Reguengos de
Monsaraz que, em 2015, ostenta o título de
Cidade Europeia do Vinho. Com partida e chegada ao hotel rural Horta da Moura,
visite a Adega José de Sousa, faça um passeio de barco pelo Alqueva,
com provas de vinhos, e deixe-se levar pelos encantos da cozinha alentejana no
restaurante Sabores de Monsaraz. Para ver ao longo do fim de semana na SIC Notícias (repetições na SIC Internacional e SIC Mulher). Fique atento e
habilite-se a ganhar uma noite para duas pessoas.
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