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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O poder da vida sem violência


Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi, em uma palestra na Universidade de Porto Rico, compartilhou a seguinte história:

"Eu tinha 16 anos e estava vivendo com meus pais no instituto que meu avô havia fundado, longe 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul (...) Estávamos bem no interior do país e não tínhamos vizinhos. Assim, sempre que surgia uma oportunidade de irmos a cidade, eu e minhas duas irmãs nos apresentávamos. Certo dia, meu pai me pediu que o levasse à cidade para assistir a uma conferência que duraria o dia inteiro. Minha mãe me deu uma lista para compras no supermercado, e meu pai me pediu que me levasse o carro à oficina.
Quando me despedi de meu pai, ele disse: 'Nós nos veremos neste local às 5 horas da tarde.' Após, rapidamente, completar as tarefas, fui ao cinema mais próximo. Estava tão concentrado no filme, um filme duplo de John Wayne, que me esqueci do tempo. Eram 5:30 horas da tarde, quando me lembrei. Corri à oficina, peguei o carro e corri até onde meu pai estava me esperando. Já eram quase 6 horas da tarde.
Ele me perguntou com ansiedade: 'Por que chegou tão tarde?' Eu me senti mal com o fato e não queria lhe dizer que estava assistindo um filme. Então, eu lhe disse que o carro não havia ficado pronto no horário e tive que esperar... Eu não sabia que meu pai havia ligado para a oficina.
Quando ele se deu conta da minha mentira, disse: 'Algo não anda bem, na maneira como estou lhe educando, você não está confiando em me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado. Vou caminhar as 18 milhas para casa e pensar sobre isto.'
Assim, vestido com traje e sapatos elegantes, começou a caminhar para casa, por caminhos que nem estavam asfaltados nem iluminados. Não podia deixá-lo só. Assim, dirigi por 5 horas e meia atrás dele... vendo meu pai sofrer a agonia de uma mentira estúpida que eu havia dito.
Decidi, naquele momento, que nunca mais iria mentir.
Muitas vezes me recordo desse episódio e penso.. Se ele tivesse me castigado do modo que castigamos nossos filhos... teria eu aprendido a lição?... Não acredito... Mas a ação de não-violência foi tão forte que a tenho impressa na memória como se fosse ontem...
Este é o poder da vida sem violência.




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